segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Consumo em alta favorece microcervejarias artesanais e bares especializados



As cervejas especiais e artesanais estão conquistando cada vez mais espaço entre os consumidores. Isto se comprova com a abertura de bares especializados, o aumento nas vendas no varejo e, principalmente, o cervejeiro que passa de uma produção caseira para um volume maior com o status de microcervejaria artesanal, em consequência do aumento na demanda. Na semana passada, aconteceu a inauguração do Pub do Cervejomaniacos (Tobias da Silva, 229 - Moinhos de Vento), e, no início do mês, foi a vez do HeiligeBrewPub (Rua Marquês do Pombal, 322 - Moinhos de Vento), ambos em Porto Alegre.



Este avanço tem alguns motivos: as cervejas de qualidade têm preços inferiores em relação a outras bebidas, como o vinho; e a degustação exige menos conhecimento, o que descomplica a bebida. Estas duas questões sempre foram o objetivo do setor vitivinícola brasileiro, que mesmo atingindo um crescimento de 10% de vendas no acumulado de janeiro a outubro deste ano, pretende elevar o consumo a partir de uma campanha publicitária, o que para algumas microcervejarias – com baixo custo – já é uma realidade.



A nova campanha promocional lançada pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) para o final de ano tem como slogan Beba com Descontração, e começa a ser veiculada nesta segunda-feira (25-11) até o dia 11 de dezembro. A campanha, desenvolvida pela agência Escala, de Porto Alegre, envolve comerciais em horários nobre da televisão e spots em rádios com abrangência no Rio Grande do Sul, além de banners na internet. O investimento de R$ 1 milhão tem origem no Fundovitis, com aporte de R$ 700 mil do orçamento do Ibravin e complementação de R$ 300 mil da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. O mote das peças promocionais valoriza a alegria, a criatividade e a forma descomplicada de viver e se divertir dos brasileiros, relacionando estas características ao perfil dos vinhos aqui elaborados. Já fica o questionamento se os cervejeiros também não mereceriam um fundo de investimento do governo estadual, até porque geram tributos e empregos diretos e indiretos.



Mesmo sem incentivos, uma das microcervejarias de Porto Alegre em plena expansão é a Irmãos Ferraro (IF). De uma produção caseira que teve início há cinco anos, a microcervejaria elabora hoje 6,5 mil litros por mês, com estimativa de atingir 9,5 mil litros até o final do ano. Este crescimento teve como base, segundo um dos sócios-proprietários e diretor da IF, Rodrigo Ferraro, o ingresso de mais dois sócios, Ulisses Bragaglia e Fausto Blanco, e a mudança de endereço para o bairro Anchieta, na capital gaúcha, junto com outras microcervejarias. Ferraro projeta que o bairro deverá ser, nos próximos anos, um pólo cervejeiro no país.



Recentemente, a IF obteve o registro e autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para comercializar as cervejas em todo o território nacional, nos estilos Standart American Lager, Munich Helles, Pale Ale, Red Ale, Hefeweissbier e a Stout Cioccolato. “Esta foi a nossa maior conquista”, comemora Ferraro. Conforme ele, há vários pedidos de compra de fora do Rio Grande do Sul, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, mas pelo produto não sofrer pasteurização, ainda é preciso organizar toda a logística de transporte. A microcervejaria atende bares e casas especializadas nas cidades de Porto Alegre, Esteio, Canoas, São Leopoldo, Bagé e Pelotas. Para janeiro de 2014, devem entrar no mercado mais três estilos: Strong Bitter Ale, American IPA e a English IPA.



Outra microcervejaria de destaque é a Maniba, localizada em Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre. Hoje a produção mensal chega a 4 mil litros em três estilos: Red Blooody Ale, Black Metal IPA e Wit Dominatrix Bier (American Amber Ale, Black IPA e Witbier, respectivamente). Toda a comercialização é realizada em barris para bares na capital gaúcha, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Bento Gonçalves. A Black Metal IPA é o estilo que vem recebendo muitos elogios dos apreciadores e de cervejeiros.

Conforme o diretor da Maniba, Cristiano Winck, que conquistou o rótulo de microcervejeiro há apenas seis meses, a intenção é aumentar a produção assim que a envasadora estiver disponível. “Para conseguir engarrafar a produção, dependo da liberação da Receita Federal. Meu objetivo é produzir mais de 15 mil litros/mês até o final de 2014”, destaca Winck. Ele afirma que ainda neste ano irá lançar mais um estilo, uma American IPA, e em 2014 mais dois: uma American Stout e uma White IPA.



A Al Capone, com uma produção caseira, também busca expansão e atingir o nível de uma microcervejaria. A capacidade máxima de produção chega a mil litros/mês nos estilos Ale, Weiss, Witbier, Red Ale e IPA. “Para 2014, vamos inaugurar nossa microcervejaria, que já está em fase de obras. Com isso, pretendemos expandir nossa produção, além de melhorar nosso processo produtivo e, consequentemente, nossa cerveja”, retrata Vicente Paludo, um dos sócios da Al Capone.

Todas as cervejas são engarrafadas e comercializadas para bares e casas especializadas em Porto Alegre. Paludo justifica que, como todos os estilos são “vivos” (sem conservantes e sem pasteurização), é obrigatório manter a refrigeração, o que dificulta o transporte para cidades distantes. Além disso, como a produção atual é limitada, a demanda da capital é suficiente, sem ter a necessidade de procurar outras cidades para comercializá-las. Como a Al Capone ainda não vende em barril, já está previsto que no início do ano, com a conclusão da microcervejaria, haverá esta opção para os consumidores, sendo vendido tanto para bares quanto para eventos particulares.