quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Vinhos com breve passagem em barril de carvalho



Uma das críticas de enólogos, sommeliers e enófilos é a passagem excessiva de alguns vinhos em barricas de carvalho, independente a nacionalidade da madeira. A reclamação tem como justificativa “mascarar” possíveis falhas no momento da produção, perdendo qualidades organolépticas das cepas. Justamente por este motivo, exemplares com pouco ou sem contato em barris são tão valorizados entre os especialistas.

A Vinã Montes, uma das vinícolas mais importantes do Chile, elabora vinhos com estas características, o que vem rendendo premiações e a presença em mais de 100 países com pouco mais de 20 anos de trajetória. De acordo com o enólogo Amilton Leal, que abordou a vinícola no dia 03 de outubro em um dos encontros do Núcleo Cultural do Vinho, projeto da Fundação Ecarta (Av. João Pessoa, 943), em Porto Alegre, os vinhos são exportados principalmente para hotéis cinco estrelas.

Criada a partir da sociedade entre os amigos Douglas Murray e Aurélio Montes, um dos maiores enólogos chilenos, a Viña Montes é uma verdadeira colecionadora de prêmios e altas notas. Os vinhos Montes Alpha Cabernet Sauvignon e Merlot foram recentemente eleitos pela revista Decanter como "os melhores Bordeaux do Chile". E para comprovar a qualidade dos produtos, Leal promoveu uma degustação com cinco varietais.



Os trabalhos iniciaram com o vinho branco Montes Classic Series da variedade Sauvignon Blanc, com 13% de graduação alcoólica e sem passagem em barrica de carvalho, somente tanque de aço inóx. Com boa acidez inicial em decorrência de estar gelado, apresenta aromas de frutas cítricas e minerais. Na boca, além do cítrico, tem um leve toque de pimenta. Conforme a temperatura vai aumentando, as características mudam, sendo possível sentir um retro-gosto de mel.



O segundo vinho, também sem passagem de carvalho, foi o rosé Montes Cherub safra 2011, elaborado 100% com a variedade Syrah. Considerei o melhor entre todos, até porque há poucos exemplares elaborados com esta cepa para a produção de Rosé. Com uma cor de vermelho rubi intensa, tanto no nariz quanto na boca fica evidente a cereja e o morango. Segundo o enólogo, o exemplar da safra 2006 recebeu a melhor pontuação da história entre os rosés na Wine Enthusiast daquele ano, com 91 pontos.



Em seguida, foi apresentado o Villa Montes Cabernet Sauvignon da safra 2010, com a mesma característica de não ter passagem em barril de carvalho. Frutado e com boa estrutura em boca, este vinho tem 14% de álcool. É possível identificar no nariz o principal aroma desta cepa tão conhecida, o pimentão.



O quarto vinho é o Montes Sellecion Limitada Carmenère, da safra 2010, que apresenta pouca passagem em carvalho, apenas seis meses. Elegante e complexo, na boca é possível identificar frutos negros, notas de chocolate, tabaco, café e taninos muito suaves, mesmo com 14,3% de graduação alcoólica. Estas características são possíveis pelo acréscimo de 10% da variedade Cabernet Sauvignon.



E para fechar a noite, o Montes Alpha Syrah da safra 2009 passou um ano em carvalho, sendo possível identificá-lo perfeitamente em boca. Este exemplar com cor vermelho rubi, intenso e ao mesmo tempo frutado, apresenta o aroma de defumado e os taninos redondos muito marcantes. Com 14,9% de álcool, este vinho tem potencial de guarda de cinco a oito anos.