terça-feira, 18 de setembro de 2012

Vinhos de guarda nacional. É possível?









Um tema que rende horas de discussão é se os vinhos nacionais têm capacidade para durar 20, 30, 40 anos. Como as vinícolas brasileiras começaram a produzir grandes vinhos há 20 anos, alguns especialistas consideram que as condições em safras como a de 1990 – mesmo com uvas ideais para a elaboração de bons vinhos – podem resultar em exemplares abaixo das expectativas.

Uma característica neste período era o cultivo de uvas em parreiras “latadas”, que não favoreciam a iluminação solar e as cepas não atingiam o potencial máximo. Somente a partir de 2004 as parreiras começaram a serem cultivadas pelo sistema de condução espaldeira, um dos mais utilizados pelos viticultores nos principais países vitivinícolas do mundo. No Rio Grande do Sul, é adotado especialmente na região da Campanha e por algumas vinícolas da Serra Gaúcha.

Para derrubar este mito, a etapa Sul do Circuito Brasileiro de Degustação, que aconteceu no dia 13 de setembro, em Porto Alegre/RS, possibilitou a degustação de rótulos de vinícolas do Rio Grande do Sul com até 22 anos de garrafa. O resultado foi surpreendente, pois todos os exemplares se mostraram “vivos”, ainda com taninos e acidez.















A degustação iniciou com o exemplar Merlot da vinícola Dal Pizzol, safra 1991, envelhecido em tanques de madeira parafinada. Com tons de tijolo, este vinho se mostrou com aromas terrosos e de mel. Na boca é macio e levemente ácido. Em seguida foi apresentado um Cabernet Franc, safra 1990, da Don Giovanni. Com aroma de tabaco e couro, este vinho apresenta uma leve perda de tanino. Na boca é mais ácido em relação ao da Dal Pizzol, com toques de licor e geleia.


O terceiro vinho apresentado foi um Reserva Merlot, safra 1999, da Don Laurindo. Ainda com acidez e taninos, este vinho com graduação alcoólica de 12,5% tem aroma intenso e complexo. Esta foi uma safra excepcional da vinícola. E para encerrar, a vinícola Miolo disponibilizou o conceituado Lote 43, safra 2002, um corte de 50% Merlot e Cabernet Sauvignon. Este vinho “potente”, um dos ícones da vinícola, possui aroma de baunilha e na boca ainda é possível identificar frutas vermelhas, taninos e acidez na medida certa.


O circuito possibilitou ao público consumidor degustar mais de 120 rótulos brasileiros de vinhos e espumantes de 21 das seguintes vinícolas: Antonio Dias, Aurora, Campestre, Casa Valduga, Casa Venturini, Cave Marson, Dal Pizzol, Dom Cândido, Domno do Brasil, Don Giovanni, Don Laurindo, Dunamis, Lidio Carraro, Luiz Argenta, Miolo Wine Group, Perini, Pizzato, Salton, Sozo, Viapiana e Vinibrasil.